Há 20 anos, a mexicana Amália Fischer se juntou a outras quatro mulheres, ativistas, feministas e lésbicas, para criar um fundo de empoderamento feminino. A missão do Fundo Elas, desde sua fundação, é incentivar o protagonismo feminino e a defesa dos direitos das mulheres, funcionando como uma ponte para a mobilização de recursos de instituições nacionais e internacionais, órgãos políticos e pessoas físicas.

É uma instituição independente, com governança autônoma, desvinculada de financiadores. Esse modelo também se enquadra no chamado modelo de filantropia da justiça social: não é nem repasse de recursos, nem caridade. É uma maneira de fazer o investimento social chegar, nesse caso, a um grupo de mulheres que não teria, de outro modo, condições de acessar recursos, devido à discriminação e exclusão impostas pelo contexto em que estão inseridas.

A distribuição do recurso se dá pela publicação de editais para selecionar projetos em diferentes áreas. Em 2020, o Fundo Elas havia publicado e concluído 30 editais, tendo apoiado dezenas de projetos pelo país, com um total de repasse de 26 milhões de reais em 20 anos. Esse é o único fundo feito por mulheres e para mulheres no Brasil. Acredita que o investimento em mulheres faz com que seus filhos e os demais à sua volta sejam beneficiados, gerando resultados positivos para a comunidade.

Suas fundadoras acreditam que não é preciso ser milionário para doar e que não se deve ter medo da palavra filantropo. Assim, o Elas busca engajar doadores de diversos perfis e portes e pensar em uma cultura de doação que vá além da caridade, que não veja o outro como desigual. Defendem, assim, um posicionamento que também é político, considerando que todos têm os mesmos direitos.

Em 2020, ano de início da pandemia de Covid-19, foram doados R$ 4.501.784,81 a 108 iniciativas em todo o Brasil.